Pela primeira vez na história, o DF tem um ex-comandante da Polícia Militar (PMDF) e um ex-diretor da Polícia Civil (PCDF) atrás das grades
04/11/2023 15:31, atualizado 04/11/2023 16:19
Pela primeira vez na história, o Distrito Federal tem, ao mesmo tempo, um ex-comandante-geral da Polícia Militar (PMDF) e um ex-diretor da Polícia Civil (PCDF) atrás das grades. O delegado Robson Cândido foi preso, preventivamente, neste sábado (4/11), acusado de usar a estrutura da corporação para monitoramento de sua ex-amante.
A coluna teve acesso à decisão judicial, que traz os motivos que justificam a prisão do delegado. “A vítima narrou que Robson a persegue, surpreendendo-a diversas vezes na rua e em locais por ela frequentados, o que fortalece os indícios da utilização indevida da medida de monitoramento para a pratica do delito de stalking. Mesmo após ter sido intimado das medidas protetivas deferidas em favor da vitima, não foram tomadas medidas para encerrar o monitoramento eletrônico sobre a vítima”, diz o documento.
Antes de Robson, o comandante da PMDF, o coronel Klepter Rosa Gonçalves, foi preso pela Polícia Federal em operação que investiga os ataques antidemocráticos do 8 de janeiro, na manhã de 18 de agosto. Klepter havia sido nomeado para a função pelo então interventor federal na Segurança Pública do DF, Ricardo Cappelli.
À época, o coronel era considerado o número dois da corporação e assumiu a vaga em 15 de fevereiro último, no lugar do então comandante da PMDF, o coronel Fábio Augusto Vieira — que havia sido afastado. As movimentações na corporação ocorreram em resposta à atuação dos militares diante dos ataques terroristas.
Vinicius Schmidt e Andre Borges/Metrópoles
PRF preso
A exemplo do comandante da PMDF e do ex-diretor da PCDF, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques também foi preso em 9 de agosto. O motivo seria a suspeita de que ele teria interferido no dia do segundo turno das eleições de 2022.
Vasques foi preso pela Polícia Federal (PF), em Florianópolis, no âmbito da Operação Constituição Cidadã. Silvinei, posteriormente, foi levado para Brasília, onde está em cela da PF com cama de concreto e recebe três refeições ao dia.
A investigação da PF é sobre o ex-diretor da PRF ter ordenado ações que dificultaram o acesso de eleitores às urnas, principalmente em cidades do Nordeste, região em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) liderava as intenções de votos. Para a PF, ele teria determinado “policiamento direcionado”.
Fonte: Metrópoles
Mais presos
Justiça decide afastar delegado da Polícia Civil do DF por suposto envolvimento em ameaças de Robson Cândido a ex-amante
Ministério Público afirma que Thiago Peralva, chefe da 19ª Delegacia de Polícia, teria inserido número da ex-amante do ex-diretor-geral da corporação em interceptação telefônica que apurava crime de tráfico de drogas. G1 tenta contato com delegado.
Por Rita Yoshimine, g1 DF
04/11/2023 12h31 Atualizado há 6 horas
A Justiça do Distrito Federal determinou, neste sábado (4), o afastamento do delegado-chefe da 19ª Delegacia de Polícia no Distrito Federal, Thiago Peralva. A decisão é justificada por suposto envolvimento dele no caso em que o ex-delegado-chefe da Polícia Civil Robson Cândido é acusado de crimes relacionados à Lei Maria da Penha.
A denúncia do Ministério Público afirma que Peralva teria inserido o número da ex-amante de Cândido em uma interceptação telefônica em curso, que apurava crime de tráfico de drogas, para monitorar a localização dela e fazer ameaças.
O afastamento ainda deve ser confirmado pela corporação. O g1 tenta contato com a Polícia Civil e com Thiago Peralva, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
A TV Globo apurou que, ainda de acordo com a decisão do magistrado, Peralva deve usar tornozeleira eletrônica. No entanto, por não ter sido encontrado em casa, o aparelho de monitoramento não foi instalado.
Operação Vigia
Neste sábado, o Ministério Público do DF cumpriu quatro mandados, incluindo o de prisão preventiva do ex-delegado-chefe da Polícia Civil Robson Cândido. Segundo as investigações, a estrutura da Polícia Civil — como viaturas descaracterizadas, celulares corporativos e carros oficiais — era usada para fins ilícitos e particulares. Ao g1, a defesa de Robson Cândido disse que não vai se manifestar.
O MP também cumpriu três mandados de busca e apreensão: na casa de Robson Cândido, na casa de Thiago Peralva e na 19ª Delegacia de Polícia, chefiada pelo delegado afastado pela Justiça neste sábado.
Ainda segundo os promotores, os investigados na operação deste sábado interceptaram as ligações telefônicas da ex-amante de Robson Cândido para monitorar a localização dela em tempo real. Dessa forma, teriam sido praticados os crimes de stalking e violência psicológica, aponta a investigação.
Denúncias
O delegado foi denunciado pela esposa e pela ex-amante. Depoimentos prestados pelas vítimas e por uma testemunha contra o ex-diretor geral da Polícia Civil citam perseguições e ameaças.
“Vou te ferrar de verde e amarelo”, teria dito Robson à sua esposa, quando os dois decidiram pôr fim ao casamento.
A TV Globo teve acesso aos relatos das duas mulheres e de uma testemunha. Veja o que disseram:
Esposa do ex-diretor da PCDF
À polícia, a esposa de Robson Cândido disse que desde 2014 vem enfrentando dificuldades no relacionamento “por causa de traições”. Segundo ela, no último domingo (1º), em mais uma discussão do casal, quando decidiram se separar definitivamente, Robson a ameaçou e disse: “Vou te ferrar de verde e amarelo” (veja imagem acima).
Ex-amante
Na ocorrência registrada pela ex-amante do delegado, que tem 25 anos, a mulher afirma que ele não aceitou a decisão de terminar o relacionamento e passou a persegui-la “em todos os locais que frequentava”. Ela disse ainda que, por diversas vezes, Cândido invadiu a casa dela, a perseguiu no trânsito, no trabalho e “sempre demonstrava saber onde ela estava e o que fazia”.
Segundo ela, o ex-diretor da PCDF ameaçava prejudicá-la no trabalho, o que a amedrontava bastante, “por ele ser uma pessoa influente e ter intercedido para que ela conseguisse o cargo que ocupa” (veja imagem acima).
A jovem é assessora especial do Metrô-DF, função comissionada com salário bruto de R$ 13 mil. Ainda em depoimento, ela contou que, “recentemente, após pouco mais de um mês sem ceder às tentativas insistentes de contato de Robson, foi surpreendida com a notícia de que seria exonerada do cargo.”
Ela diz que suspeitou de que o ex-diretor da PCDF estaria por trás da exoneração e comentou com colegas de trabalho. O cargo, porém, foi restituído antes mesmo da exoneração ser publicada.
Testemunha
Em seu depoimento, a testemunha confirmou que Robson Cândido ofereceu cargos à ex-amante. Disse que, no início do relacionamento, ele teria proposto à mulher um cargo na Terracap.
Conforme depoimento, Cândido teria dito à ex-amante que havia vários inquéritos instaurados contra servidores da Terracap e que, “para segurar esses inquéritos”, iria exigir um alto cargo para ela (veja imagem acima).
No fim da negociação, ficou definido que ela ocuparia um cargo no Metrô e que provavelmente uma servidora do metrô acabaria se beneficiando com o cargo na Terracap. Laércio de Carvalho também falou sobre o relacionamento de Robson com a esposa. Segundo ele, uma amiga da mulher o procurou com medo, dizendo que a esposa de Robson “corria risco de morte”.
Além disso, a mulher contou a ele que Robson Cândido teria feito um disparo de arma de fogo contra a cama do casal, provavelmente com intenção de intimidá-la.