Ponte de R$ 200 milhões entre Tocantins e Pará segue sem previsão de entrega por falta de acessos; Entenda
Segundo o Dnit, ainda estão em curso processos de desapropriação para o andamento da obra no lado do Pará. Com 95% da obra pronta, estrutura está avaliada em R$ 204,2 milhões.
Por Patricia Lauris, g1 Tocantins
21/07/2025 06h00 Atualizado há 14 horas
A construção da ponte que liga os estados do Tocantins e Pará pelos municípios de Xambioá e São Geraldo, sobre o Rio Araguaia, ainda não foi concluída por falta dos acessos à estrutura. Essa etapa depende de desapropriações na região onde a ponte foi construída.
O contrato para a obra da ponte foi assinado em 2017, no governo Temer. Nesse período, o custo da estrutura saltou de R$ 132 milhões para R$ 204,2 milhões, sem contar os R$ 28,6 milhões que devem ser investidos apenas nos acessos.
A travessia entre os dois estados faz parte da BR-153 e devia ter sido entregue há mais de dois anos. Quem avista a estrutura de longe vê a ponte quase pronta. Os acessos serão construídos do km 151,56 da rodovia ao km 151,87 do lado do Pará, e do km 1,20 ao km 2,90 do lado do Tocantins.
De acordo com o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), a entrega deve acontecer no segundo semestre de 2025, mas a data certa não foi informada. Isso porque ainda será preciso concluir processos de desapropriação de moradores do lado do Pará.
No Tocantins, o DNIT informou que todos os processos foram concluídos no primeiro semestre deste ano. Mas no estado vizinho ainda vão ocorrer as primeiras audiências de conciliação, agendadas para os dias 6 e 7 de agosto deste ano.
Acidente com a estrutura
Até o momento, a estrutura avaliada em R$ 204,2 milhões está 95% pronta, dependendo apenas da construção dos acessos. O investimento para esta etapa final é de aproximadamente R$ 28,6 milhões.
Enquanto a obra não é entregue para uso dos motoristas, a travessia pelo Rio Araguaia segue sendo feita por balsas operadas pela empresa Pipes Empreendimentos LTDA. Na segunda-feira (14), uma das embarcações colidiu com um pilar da ponte em construção.
A balsa estava carregada com ônibus e caminhões e, de acordo com a Pipes, a força dos ventos somada à altura dos veículos empurrou a balsa contra um dos pilares, causando a colisão. O incidente causou danos à embarcação, mas não houve prejuízos à ponte e nem deixou feridos.
Um rebocador, segundo a Pipes, fez o resgate da balsa. A empresa afirmou ainda que um dos problemas enfrentados pelas embarcações é o estreitamento do canal da travessia próximo à ponte, causado pela estiagem. A Pipes destacou que esse fato aumenta os “desafios operacionais” na travessia dos veículos (veja nota completa abaixo).
A Pipes ainda comentou que a Capitania dos Portos de Palmas determinou a retirada da embarcação de tráfego até a conclusão da perícia. Mas a situação tem gerado filas na travessia, tanto no lado do Tocantins quanto no lado do Pará.
A Marinha informou que assim que tomou conhecimento do acidente enviou uma equipe de perícia para o trecho. Foram colhidas provas testemunhal, pericial e documental e a liberação da embarcação só deve acontecer após conclusão de um inquérito, no prazo de 90 dias (veja nota na íntegra no fim da reportagem).
Fila de veículos para pegar a balsa, segundo a Pipes — Foto: Divulgação/Pipes
Detalhes da ponte
A ponte terá 1.724 metros de extensão e a expectativa é que mais de 1,5 milhão de pessoas sejam beneficiadas. O Consórcio A. Gaspar/Arteleste/V. Garambone é o responsável pela construção.
Segundo a Secretaria de Comunicação Social do governo federal, os acessos à ponte sobre o Rio Araguaia terão extensão de 2.010 metros, sendo 310 metros no lado do Pará e 1.700 metros no lado do Tocantins.
Os acessos serão feitos com plataforma de 12 metros de largura de pista e acostamento e calçadas com 1,50 metro de largura para cada lado. Esses acessos também contarão com a implantação de vias marginais à rodovia.
O contrato para a obra da ponte foi assinado desde 2017, no governo Temer. A primeira previsão para o início da construção era 2018 com estimativa de três anos para a entrega. Mas a obra foi alvo de disputa judicial e a ordem de serviço só foi assinada pelo DNIT em 2020.
O valor da construção também sofreu alterações ao longo dos anos. Quando anunciada pelo governo Temer, a obra estava orçada em R$ 132 milhões. Quase três anos depois, a ordem de serviço previa os custos com o projeto em R$ 157 milhões. Agora, segundo o DNIT, os valores somados de ponte e acessos devem ultrapassar R$ 232,8 milhões.