Força-tarefa apura R$ 90 Bi em consignados ilegais do INSS
Por Gazeta do Povo
05/05/2025 às 14:34
A força-tarefa que apura fraudes no INSS está avançando para uma nova frente de investigação: os empréstimos consignados ilegais que podem somar cerca de R$ 90 bilhões. Segundo auditoria do TCU, só em 2023 foram registradas 35 mil reclamações de empréstimos indevidamente liberados, muitas vezes sem qualquer solicitação dos aposentados. O volume das movimentações é alarmante — R$ 89,5 bilhões liberados no ano, valor muito superior aos R$ 6 bilhões do escândalo envolvendo associações fraudulentas. Especialistas apontam que refinanciamentos não autorizados são comuns e driblam os mecanismos de controle, mesmo com o uso de biometria. A nova fase da investigação envolve órgãos como a Dataprev e pode revelar prejuízos bilionários.
CPMI do INSS: Oposição consegue assinaturas para investigar fraude
A oposição obteve o número mínimo de assinaturas — 171 deputados e 27 senadores — para a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) com o objetivo de investigar um esquema bilionário de descontos irregulares em aposentadorias e pensões pagos pelo INSS. As suspeitas surgiram a partir de investigações da Polícia Federal, que apontam que mais de seis milhões de beneficiários podem ter sido afetados, com desvios que podem chegar a R$ 6,5 bilhões.
O pedido da CPMI será formalmente protocolado nesta segunda-feira (5). A articulação foi anunciada pelas parlamentares Coronel Fernanda (PL-MT) e Damares Alves (Republicanos-DF), que comemoraram a conquista e destacaram que a CPMI buscará “apurar responsabilidades, cobrar justiça e garantir que esse dinheiro volte para quem realmente precisa.”
Paralelamente, a oposição também tenta abrir uma CPI exclusiva na Câmara, já protocolada pelo deputado Coronel Chrisóstomo (PL-RO), com 185 assinaturas. No entanto, o regimento da Câmara permite apenas cinco CPIs simultâneas, e há 12 pedidos anteriores na fila, o que dificulta a abertura imediata.
Governo Lula articula para barrar CPMI do INSS
O governo Lula está mobilizando uma estratégia para impedir a instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que visa investigar suspeitas de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo informações da coluna de Lauro Jardim, publicada em 5 de maio de 2025, o Palácio do Planalto está atuando para desmobilizar o apoio parlamentar à CPMI, que já conta com as assinaturas necessárias para sua criação.
A estratégia inclui articulações políticas para convencer parlamentares a retirarem suas assinaturas do requerimento da CPMI, além de negociações com líderes partidários para evitar que o pedido seja lido em sessão do Congresso Nacional, o que é necessário para a instalação da comissão. O governo também está oferecendo cargos no segundo escalão e outras concessões políticas como forma de barganha para desarticular o movimento pela CPMI.
A preocupação do governo é que a CPMI possa gerar desgaste político e afetar a imagem da gestão Lula, especialmente em um momento em que o Executivo busca aprovar pautas importantes no Congresso, como a reforma tributária e a nova âncora fiscal
Após escândalo no INSS, Lula troca ministro e nomeia Wolney Queiroz
O presidente Lula convidou Wolney Queiroz para assumir o Ministério da Previdência Social após a demissão de Carlos Lupi, motivada pelo escândalo de fraudes no INSS que podem ter causado prejuízo de R$ 6,3 bilhões a aposentados e pensionistas. Wolney, atual secretário-executivo da pasta, já estava ciente das denúncias desde 2023, quando participou de reunião com alertas sobre as irregularidades.
As investigações da Polícia Federal e da CGU apontam que associações fraudaram descontos em benefícios do INSS com assinaturas falsas e cadastros sem autorização, esquema iniciado ainda em 2019. A operação resultou no afastamento de servidores públicos, prisão de suspeitos, apreensão de bens de luxo, e revelou como figura central o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”.
Repasses do Ministério do Trabalho a ONGs sob suspeita
O Ministério do Trabalho aumentou de R$ 25 milhões, em 2022, para R$ 132 milhões, em 2023, os repasses a ONGs por meio de convênios e parcerias, grande parte por emendas parlamentares. Segundo levantamento da Folha de S. Paulo, quatro das dez entidades mais beneficiadas têm ligação com sindicatos, entre elas a Unisol, criada com apoio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, base política do ministro Luiz Marinho (PT). A Unisol recebeu R$ 17,6 milhões, a maior parte para ações em terras indígenas em Roraima. O Instituto de Políticas Públicas Brasil Digital, com R$ 36,1 milhões, lidera os repasses, mas teve contratos suspensos após suspeitas de conluio e prejuízo ao erário. Outras entidades também estão sob investigação ou impedidas de firmar novos acordos. A Controladoria-Geral da União (CGU) apontou falhas nos controles do ministério, que afirma seguir a legislação e aguarda novos pareceres para decidir medidas.
O programa Entrelinhas vai ao ar de segunda a sexta-feira, às 15h, no canal do YouTube da Gazeta do Povo. Com apresentação de Mariana Braga e Frederico Junkler, o Entrelinhas analisa os bastidores e os desdobramentos do cenário político no Brasil.
www.gazetadopovo.com.br.