Entenda ‘Plano Real’ da Segurança, proposto pelo governo para combater facções criminosas

Entenda ‘Plano Real’ da Segurança, proposto pelo governo para combater facções criminosas

 

Medida pretende melhorar a atuação policial contra grupos criminosos em todo o país. Entre as propostas está criar um banco nacional dos grupos criminosos e seus integrantes.

 

Por Octavio GuedesArthur Stabile

23/08/2025 09h29  Atualizado há 3 horas

 

O combate a facções criminosas está na pauta do governo Lula (PT) nas próximas semanas por meio de uma espécie de “Plano Real da Segurança”.

 

A ideia é se inspirar no Plano Real, responsável por resolver os graves problemas econômicos do país na década de 1990, e criar uma medida capaz por estancar a sangria na insegurança pública brasileira.

 

Lula (à dir.) e Ricardo Lewandowski (à esq.), ministro da Justiça e Segurança Pública — Foto: Adriano Machado

 

A proposta prevê medidas como:

 

criar um banco nacional das organizações criminosas para mapear os grupos e os seus integrantes;

 

criar uma agência nacional para enfrentar as organizações criminosas;

 

alterar o conceito sobre o que é uma organização criminosa;

 

novos dispositivos na lei para o combate às facções;

 

mudar as regras para inquéritos policiais que envolvam as organizações criminosas, bem como aprimorar ferramentas para compartilhar dados de facções e seus integrantes;

 

possibilidade de infiltrar policiais em pessoas jurídicas durante investigações a organizações criminosas;

 

ajustar as leis para aumentar as penas de crimes relacionados a facções, como promover, criar ou financiar tais grupos;

 

novas regras para punir tanto agentes públicos quanto empresas que se associem e atuem em parceria com as facções;

 

novas punições para responsabilizar pessoas jurídicas que atuem de fachada para as facções, como casos de lavagem de dinheiro, por exemplo;

 

alterar o processo para que um integrante de facção já condenado possa progredir de regime ao cumprir penas — que é o processo de reintegrar a pessoa presa à sociedade;

 

novas leis para proteger integrantes do Judiciário (juízes, promotores, entre outros) que combatem facções;

 

desenvolver novas formas de destinar bens apreendidos com grupos criminosos.

 

Foi no fim do século passado e início dos anos 2000 que facções criminosas ganharam força e avançaram pelo país. Casos mais emblemáticos aconteceram com o Comando Vermelho (CV), a partir do Rio de Janeiro, e o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo.

 

As facções se expandiram pelo país e criaram tentáculos, em especial CV e PCC, ao se associarem a outros grupos forte localmente. Movimentos nesse sentido ocorreram mais fortemente no Norte e Nordeste na década passada.

 

Estas duas regiões viraram foco dos grupos por se tratar de novas rotas para escorrer drogas obtidas em países da América do Sul e com menor controle de autoridades para impedir o tráfico de drogas rumo à Europa.

 

Lula (à dir.) e Ricardo Lewandowski (à esq.), ministro da Justiça e Segurança Pública — Foto: Adriano Machado

 

Lula (à dir.) e Ricardo Lewandowski (à esq.), ministro da Justiça e Segurança Pública — Foto: Adriano Machado

 

Segurança pública no Congresso

 

O Plano Real da Segurança será apresentado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, em forma de projeto de lei (PL) para o Congresso Nacional.

 

No parlamento, o governo Lula já trabalha para aprovar outra medida prioritária na segurança: a PEC da Segurança.

 

O texto foi aprovado em julho na Câmara dos Deputados, e que traz uma série de mudanças nas leis, assim como ocorre na proposta direcionada às facções criminosas.

 

Entre os temas tratados, a PEC prevê:

 

dar maior poder à União para estabelecer diretrizes de atuação das forças de segurança no país e a política nacional de segurança. É um mecanismo, segundo o Ministério da Justiça, para padronizar ações e integrar polícias e guardas municipais;

 

ampliar o escopo de atuação da Polícia Federal, assegurando que a corporação terá competência para investigar milícias e crimes ambientais — hoje, segundo o ministro, a PF já atua nessas áreas, mas somente quando há federalização dos casos ou quando há decisão judicial;

 

expandir as competências da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que passaria a ser chamada de Polícia Viária Federal e teria como responsabilidade o patrulhamento de ferrovias, hidrovias e rodovias.

 

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