Eduardo desafia Moraes a enquadrar “nossa quadrilha”
Nos EUA, deputado federal licenciado cobra que ministro do STF inclua Donald Trump e Marco Rubio na investigação
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a desafiar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), em uma live transmitida neste domingo, 20. No vídeo, Eduardo acusa o magistrado de abuso de poder, ataca os agentes da Polícia Federal que o investigam e afirma que seu objetivo é tirar Moraes da Corte.
“Toda hora tem que expor o nível de várzea que é Moraes com uma caneta do STF. O ideal seria ele fora do STF. Trabalharei para isto também, tá, Moraes. Então quando a gente fala que o visto foi só o começo, é porque nosso objetivo será te tirar da Corte. Você não é digno de estar no topo do poder Judiciário. E eu estou disposto a me sacrificar para levar esta ação adiante.”, afirmou o deputado.
Eduardo também ironizou a possibilidade de novas falas suas serem incluídas no inquérito e cobrou que Moraes faça o mesmo com o presidente dos EUA, Donald Trump, e com o secretário de Estado americano, Marco Rubio:
“Não gostou? Coloca o Trump então na investigação, coloca toda a nossa quadrilha, o Marco Rubio, etc, e manda a Interpol pegar a gente. Porque os seus argumentos, Moraes, são rasos. Você não consegue nem se expressar direito. Você é medíocre com a caneta na mão. Aproveita e coloca isso no inquérito.”
O deputado fez ameaças diretas a agentes da Polícia Federal:
“Vai lá coleguinha da Polícia Federal, cachorrinho da Polícia Federal que está me assistindo. Não deixa eu saber, não, hein irmão. Se eu ficar sabendo quem é você, ah, eu vou me mexer aqui. Pergunta ao tal do delegado Fabio Shor se ele conhece a gente. O couro é duro.”
Em outro trecho da transmissão, Eduardo sugeriu que está pronto para um confronto mais amplo.
“A guerra não acabou. Vai vir sacrifício aí mais pela frente. Eu sei disso. Mas estou disposto a ir até às últimas consequências. Será que o Barroso tá?”, questionou.
“Gângster de toga”
Eduardo tem elevado o tom contra Moraes. Em abril, após a notificação do ex-presidente Jair Bolsonaro sobre a abertura de ação penal no STF, Eduardo afirmou nas redes sociais que “Moraes quer assassinar Bolsonaro, tal qual fez com Clezão” — em referência a Cleriston Pereira da Cunha, que morreu preso na Papuda após os atos de 8 de janeiro.
Na última sexta-feira, 18, ele também chamou Moraes de “ditador” e “gangster de toga”, ao comentar a operação da Polícia Federal contra seu pai.
Ainda na ocasião, Eduardo defendeu as tarifas impostas por Donald Trump a produtos brasileiros como “ações legítimas” em retaliação ao processo contra o ex-presidente.
Moraes junta novos posts a inquérito
Diante da escalada, Moraes determinou a inclusão de novas publicações e declarações do parlamentar ao inquérito que o investiga por coação no curso do processo, obstrução de investigação e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
“Após a adoção de medidas investigativas de busca e apreensão domiciliar e pessoal, bem como imposição de medidas cautelares em face de Jair Messias Bolsonaro, o investigado Eduardo Nantes Bolsonaro intensificou as condutas ilícitas objeto desta investigação”, escreveu Moraes no despacho.
Entre as postagens citadas, está uma em que Eduardo ironiza a revogação do visto de Moraes para os EUA:
“Talvez o Moraes não sabe se o Filipe Martins foi ou não aos EUA, mas agora todo mundo sabe que o Moraes não vai!”. Em outra, escreve: “Eu não posso ver meu pai e agora tem autoridade brasileira que não poderá ver seus familiares nos EUA também […] Eis o custo Moraes para quem sustenta o regime”.
O material foi remetido pela Polícia Federal e será analisado pela Procuradoria-Geral da República.
“Determino a juntada aos autos das postagens e entrevistas realizadas pelo investigado nos links acima referidos”, escreveu Moraes.
Eduardo reagiu à decisão com ironia: “Moraes viu aí um ataque à democracia e juntou no inquérito que ele abriu contra mim pedindo +12 anos de cadeia. Cuidado, memes matam…”