Cerco policial ao imóvel, em Novo Hamburgo, começou na noite desta terça-feira após uma denúncia contra o suspeito, que matinha os pais em cárcere privado e reagiu à chegada de PMs com tiros.
Por g1 RS e RBS TV
23/10/2024 06h15 Atualizado há 17 horas
Um homem de 45 anos manteve a própria família em cárcere privado em casa na noite desta terça-feira (22) em Novo Hamburgo, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O atirador, identificado como Edson Fernando Crippa, matou o pai, o irmão e um policial militar a tiros e deixou outras nove pessoas feridas, entre policiais e familiares (veja, abaixo, quem eram e qual é o estado de saúde deles).
A polícia entrou no imóvel na manhã desta quarta-feira, após nove horas de cerco ao local e tentativas de negociação com atirador, que foi morto.
A BM encontrou quatro armas e “farta munição” na casa do atirador, que tinha registro de colecionador, atirador desportivo e caçador (CAC).
A polícia diz que foi até a casa onde a família estava após receber denúncias de que os pais do atirador, idosos, eram mantidos em cárcere privado. Assim que o criminoso viu os agentes, atirou contra eles e contra os familiares. Dois drones dos militares também foram abatidos pelo homem, ainda segundo a brigada.
Além do pai e do irmão do criminoso, estavam no local a mãe e a cunhada dele. Todos foram atingidos pelos disparos após a chegada dos policiais e levados para o hospital.
Os três mortos foram identificados como:
Eugênio Crippa, de 74 anos, pai do atirador
Everton Crippa, 49 anos, irmão do atirador
Everton Kirsch Júnior, de 31 anos, policial militar
Everton Kirsch Júnior, policial militar morto em Novo Hamburgo — Foto: Divulgação/ Brigada Militar
Os nove feridos foram identificados como:
Cleris Crippa, 70 anos, mãe do atirador – estado grave após ser baleada três vezes
Priscilla Martins, 41 anos, cunhada – estado grave após ser baleada uma vez
Rodrigo Weber Voltz, 31 anos, PM – estado grave após ser baleado três vezes
João Paulo Farias Oliveira, 26 anos, PM – estado grave após ser baleado uma vez
Joseane Muller, 38 anos, PM – estado estável após ser baleada uma vez, foi transferida para o Hospital da BM
Eduardo de Brida Geiger, 32 anos, PM – liberado do hospital após ser baleado de raspão
Leonardo Valadão Alves, 26 anos, PM – liberado do hospital após ser baleado de raspão
Felipe Costa Santos Rocha, PM – liberado após ser baleado de raspão
Volmir de Souza – baleado, deu entrada no Hospital Municipal de Novo Hamburgo e foi transferido para o Hospital da Unimed
Como crime ocorreu
O crime aconteceu em uma casa na Rua Adolfo Jaeger, no bairro Ouro Branco. Conforme a polícia, o homem estaria mantendo os pais em cárcere privado. O próprio pai teria ligado para a polícia denunciando maus-tratos, segundo o Bom Dia Brasil. Logo que viu os policiais, na parte da frente do imóvel, o homem atirou contra eles.
Uma pessoa que estava fora da casa e não era policial nem familiar também chegou a ser atingida. Há relatos de que o baleado seria um guarda municipal.
De acordo com o tenente-coronel Alexandro Famoso, comandante do 3º Batalhão de Polícia Militar (3º BPM) de Novo Hamburgo, houve tentativa de negociação e conversa com o atirador, incluindo contato telefônico. O homem, no entanto, só respondia com disparos, segundo o comandante.
O comandante Alexandro Famoso informou que o homem atirou “de forma inesperada […] em todas as pessoas que se encontravam naquele local, na frente da residência”.
Quem era o policial morto
De acordo com a Brigada Municipal, o policial militar Everton Kirsch Júnior estava na corporação desde 2018. Recentemente, se tornou pai. Ele deixa o filho, que tem 45 dias, e a esposa.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador Eduardo Leite (PSDB) manifestaram pesar pela morte das vítimas, citando o PM baleado.
“O trágico episódio ocorreu após denúncias de maus-tratos contra um casal de idosos na casa do atirador, que possuía quatro armas registradas em seu nome. Isso não pode ser normalizado: a distribuição indiscriminada de armamentos na sociedade, com grande parte deles caindo nas mãos do crime, é inaceitável. Estendo minha solidariedade aos familiares das vítimas, incluindo a do policial militar Everton Kirsch Júnior, e a toda a comunidade afetada”, escreveu Lula, em uma rede social.
“O soldado Everton, com apenas 31 anos, deu sua vida para proteger a sociedade gaúcha. Ele era esposo, pai de um bebê de 45 dias e, acima de tudo, um herói. Que sua coragem e dedicação nunca sejam esquecidas. Meus sentimentos à família e o desejo de rápida recuperação aos feridos”, escreveu o governador Eduardo Leite.