PGR denuncia ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado; Mauro Cid e Braga Netto também foram denunciados

PGR denuncia ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado; Mauro Cid e Braga Netto também foram denunciados

 

Também foram denunciados o ex-ministro e ex-vice na chapa de Bolsonaro, o general Braga Netto; e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid. PGR afirmou que Bolsonaro era o líder da organização que tentou derrubar a democracia.

 

Por Fernanda VivasMárcio Falcão, g1 — Brasília

18/02/2025 20h45  Atualizado há 27 minutos

 

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado em 2022.

 

Bolsonaro foi denunciado pelos crimes:

 

liderança de organização criminosa armada

 

tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito

 

golpe de Estado

 

dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da união

deterioração de patrimônio tombado

 

Além disso, a PGR afirmou que Bolsonaro foi o líder da organização que tentou derrubar a democracia no Brasil.

 

Se a denúncia for aceita pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro se tornará réu e passará a responder a um processo penal no tribunal.

 

Também foram denunciados o ex-ministro e ex-vice na chapa de Bolsonaro, o general Braga Netto; e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Ao todo, são 34 denunciados (veja a lista mais abaixo).

 

Bolsonaro sabia de plano para matar Lula e concordou

 

De acordo com a denúncia da PGR, assinada pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro sabia do plano para matar Lula no fim de 2022 e concordou com a trama.

 

“Os membros da organização criminosa estruturaram, no âmbito do Palácio do Planalto, plano de ataque às instituições, com vistas à derrocada do sistema de funcionamento dos Poderes e da ordem democrática, que recebeu o sinistro nome de “Punhal Verde Amarelo”. O plano foi arquitetado e levado ao conhecimento do Presidente da República, que a ele anuiu , ao tempo em que era divulgado relatório em que o Ministério da Defesa se via na contingência de reconhecer a inexistência de detecção de fraude nas eleições”, escreveu o procurador-geral.

 

STF Ex-presidente Jair Bolsonaro, acompanhado de autoridades, concede coletiva de imprensa no aeroporto de Brasília Metropoles a

 

Discurso de ruptura desde 2021

 

Ainda de acordo com Gonet, Bolsonaro adotou tom de ruptura com a a democracia desde 2021.

 

“Para melhor compreensão dos fatos narrados, convém recordar que, a partir de 2021, o Presidente da República adotou crescente tom de ruptura com a normalidade institucional em seus repetidos pronunciamentos públicos, nos quais expressava descontentamento com decisões de tribunais superiores e com o sistema eleitoral eletrônico em vigor”, escreveu.

 

Ainda de acordo com Gonet, Bolsonaro se tornou mais antidemocrático a partir das eleições de 2022.

 

“Essa escalada ganhou impulso mais notável quando Luiz Inácio Lula da Silva, visto como o mais forte contendor na disputa eleitoral de 2022, tornou-se elegível, em virtude da anulação de condenações criminais.

 

Decreto do golpe

 

Segundo a denúncia apresentada ao STF, há provas de que Bolsonaro participou diretamente da elaboração do texto e que o decreto foi apresentado aos comandantes militares em uma tentativa de garantir apoio para uma ruptura institucional.

 

“Há evidências minuciosas de reunião ocorrida no dia 14.12.2022, onde uma nova versão do decreto golpista, já com os ajustes feitos por JAIR BOLSONARO, foi apresentada pelo General PAULO SERGIO NOGUEIRA DE OLIVEIRA aos Comandantes das três Forças Armadas”, afirma a PGR na denúncia.

 

A reunião, de acordo com a investigação, foi um movimento para pressionar os militares a aderirem ao plano golpista. O documento previa a decretação do Estado de Defesa e a criação da chamada “Comissão de Regularidade Eleitoral”, que teria como objetivo revisar o resultado da eleição presidencial de 2022.

 

PGR denuncia Bolsonaro e mais 33 pessoas por golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

 

Os denunciados

 

Os denunciados por tentativa de golpe de Estado estão:

 

Alexandre Rodrigues Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Abin e deputado federal

 

Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.

 

Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marina

 

Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.

 

Anderson Gustavo Torres, ex-ministro da Justiça

 

Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.

 

Augusto Heleno Ribeiro Pereira, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional

 

Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.

 

Jair Messias Bolsonaro, ex-presidente da República

 

Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.

 

Mauro César Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

 

Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.

 

Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira

 

Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.

 

Walter Souza Braga Netto, ex-ministro da Defesa, ex-candidato a vice na chapa de Bolsonaro e general

 

Crimes: Golpe de Estado, Abolição violenta do Estado Democrático de Direito, Organização Criminosa.

 

E também:

 

Ailton Gonçalves Moraes Barros

 

Angelo Martins Denicoli

 

Bernardo Romão Correa Netto

 

Carlos Cesar Moretzsohn Rocha

 

Cleverson Ney Magalhães

 

Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira

 

Fabrício Moreira de Bastos

 

Filipe Garcia Martins Pereira

 

Fernando de Sousa Oliveira

 

Giancarlo Gomes Rodrigues

 

Guilherme Marques de Almeida

 

Hélio Ferreira Lima

 

Marcelo Araújo Ormevet

 

Marcelo Costa Câmara

 

Márcio Nunes de Resende Júnior

 

Mario Fernandes

 

Marília Ferreira de Alencar

 

Nilton Diniz Rodrigues

 

Paulo Renato de Oliveira Figueiredo Filho

 

Rafael Martins de Oliveira

 

Reginaldo Vieira de Abreu

 

Rodrigo Bezerra de Azevedo

 

Ronald Ferreira de Araujo Junior

 

Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros

 

Silvinei Vasques

 

Wladimir Matos Soares

 

Relatório da PF

 

A PGR se baseou no relatório da Polícia Federal que, em novembro do ano passado, concluiu pelo indiciamento de Bolsonaro e outras 36 pessoas, incluindo:

 

o general Braga Netto, ex-ministro do governo Bolsonaro e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022;

 

o tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro e delator;

 

o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno;

 

o policial federal e hoje deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), ex-diretor da Agência Brasileira de Informações (Abin); e

 

Valdemar da Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), legenda de Bolsonaro.

 

Em dezembro, a PF fez um relatório complementar, indiciando outras três pessoas e fazendo com que o número total de indiciados na investigação chegasse a 40.

 

 

 

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