No Acre, homem que teve mais de 60 filhos e 8 esposas decide viver sozinho: “Opção minha”
18 de maio de 2023
Economia adquiri 42 veículos SUV e reforça fiscalização
20 de maio de 2023
Exibir tudo

Após 18 mortes, policiais recebem medalhas em cerimônia que marca o fim de uma das maiores caçadas a criminosos do país

Solenidade aconteceu no Quartel do Comando Geral (QCG) nesta quinta-feira (18). Entre os números da operação com relação às apreensões estão 22 fuzis, duas pistolas, mais de duas mil munições, cinco granadas e até R$ 5 mil em espécie.

 

Por g1 Tocantins

18/05/2023 18h50  Atualizado há 57 minutos

 

Por volta das 17h desta quinta-feira (18), o comboio com viaturas da Polícia Militar que deixou a região de Pium, no oeste do estado, chegou ao Quartel do Comando Geral (QCG), onde aconteceu a solenidade que marcou o fim da primeira fase da Operação Canguçu.

 

Por 39 dias, os policiais participaram de diversos confrontos com criminosos que atacaram Confresa (MT), na tentativa de assaltar uma empresa de transporte de valores, e fugiram para o Tocantins. Tudo começou em 9 de abril deste ano e no dia seguinte ao ataque, o bando escapou para o Tocantins pelos rios Araguaia e Javaés, nas proximidades de Pium e municípios vizinhos.

 

Policiais chegaram ao QCG nesta quinta-feira (18), fim da Operação Canguçu — Foto: Arthur Girão/g1 Tocantins

Policiais chegaram ao QCG nesta quinta-feira (18), fim da Operação Canguçu — Foto: Arthur Girão/g1 Tocantins

 

Todos os policiais militares que estiveram no cerco policial e ajudaram na captura de cinco suspeito e morte de outros 18, saldo final da operação, receberam medalhas de hora de mérito pela atuação e condução de equipes durante a operação.

 

Entre os números da operação com relação às apreensões estão 22 fuzis, duas pistolas, mais de duas mil munições, cinco granadas, 15 coletes a prova de balas e até R$ 5 mil em espécie, que estavam em posse dos suspeitos. Outros materiais como roupas, mochilas e alimentos também foram apreendidos ao longo das abordagens.

 

Governador Wanderlei Barbosa entregou medalhas de honra a militares — Foto: Arthur Girão/g1 Tocantins

Governador Wanderlei Barbosa entregou medalhas de honra a militares — Foto: Arthur Girão/g1 Tocantins

 

Participaram da cerimônia o governador Wanderlei Barbosa (Republicanos), deputados estaduais, federais, secretários de estado e outras autoridades do Tocantins. O secretario nacional de Segurança Pública Tadeu Alencar representou o governo federal no evento.

 

“O governo federal defende o cumprimento da lei, o respeito aos Direito Humanos, o uso progressivo da força e, claro, aumentando a capacidade operacional das forças de segurança, porque ninguém pode enfrentar crime organizado, que usa armamento pesado, que usa explosivos, que usa viaturas blindadas, com a capacidade operacional que pode fragilizar a atuação das nossas forças de segurança”, disse o secretário do Ministério da Justiça.

 

Com o balanço da operação, Tadeu Alencar também acrescentou que acredita que o enfrentamento da violência deve acontecer de forma integrada, como aconteceu na Operação Canguçu, que envolveu policiais de cinco estados. “Acho que é um experimento essa atuação entre estados é uma novidade que nós aperfeiçoamos e claro, como disse, sempre observando o cumprimento da lei e respeito aos Direitos Humanos”, comentou.

 

Solenidade aconteceu na tarde desta quinta-feira (18) no QCG, em Palmas — Foto: Arthur Girão/g1 Tocantins

Solenidade aconteceu na tarde desta quinta-feira (18) no QCG, em Palmas — Foto: Arthur Girão/g1 Tocantins

 

O governador Wanderlei Barbosa agradeceu o trabalho dos militares e comentou que a avaliação da operação é positiva e que sobre os confrontos, a preferência seria pela prisão dos suspeitos.

 

“A polícia nunca trabalha para matar, trabalha para prender, mas infelizmente eles reagiam e atiravam na polícia. A polícia teve que tomar decisões de se defender e terminou que 18 desses bandidos foram a óbito e cindo estão presos. Uma quadrilha perigosa, oriunda de São Paulo que não prosperou. Nós temos que trabalhar de forma integrada. O que eu tiro de tudo isso foi a integração dos governos, a integração da polícia na luta contra a criminalidade, defendendo nosso território, sabemos como isso aterrorizou as famílias no Vale do Araguaia”, disse.

 

O comandante-geral da PM, coronel Márcio Antônio Barbosa de Mendonça relembrou o início da operação, em que integrantes da Patrulha Rural de Pium enfrentaram os criminosos.

 

“Em torno de oito policiais enfrentaram 20 homens armados, conseguiram quebrar a rota de fuga deles e a partir daí nós conseguimos iniciar a operação. A partir daí chamamos o reforço, fomos lá resgatar as viaturas que ficaram para trás e nesse resgate houve o primeiro confronto e a primeira morte”, disse.

 

O coronel também agradeceu a ação dos outros estados que ajudaram enviando homens e equipamentos e até aeronaves, que ajudaram nas buscas pelos criminosos, que chegaram a fazer reféns na zona rural de Pium e região.

 

“Fizemos um grande cerco com 350 homens, bloqueamos todas as possíveis rotas de fuga e impedimos que o resgate chegasse. Colocamos dentro do que denominamos de zona quente as nossas equipes especializadas. […] O Bope dos cinco estados fazia o adentramento nas matas e as demais forças iam em conjunto guarnencendo a retaguarda. Isso fez com que nós preservássemos a vida de todos os nossos policiais e tivemos sucesso”, completou.

 

Além dos reforços na captura dos suspeitos, o coronel Márcio Barbosa também disse que a operação possibilitou a identificação de outros crimes que não estavam relacionais ao grupo. No período foram registradas 21 ocorrências, com oito pessoas presas, dez foragidos da justiça capturados, cinco veículos apreendidos, uma arma apreendida, três ocorrências de porte de arma e drogas além de coibir um crime ambiental.

 

A região onde estava sendo realizado o cerco vai continuar sendo monitorada e segundo o coronel, a segunda fase da operação ainda vai contar com um efetivo na região, mas reduzido.

 

“Encerramos uma parte da operação, que é aquela da captura dos assaltantes que estavam na região de mata. Então a gente tem evidências de que não há mais assaltantes na região. Deixamos um efetivo reduzido para garantir a segurança da comunidade local e eliminar qualquer chance de ter algum deles lá. O serviço de inteligência também atuará de forma eficaz”, explicou.

 

Viaturas retornam para Palmas após operação — Foto: Divulgação/PM

Viaturas retornam para Palmas após operação — Foto: Divulgação/PM

 

39 dias de caçada

 

A operação na zona rural do Tocantins começou no dia 10 de abril, um dia após os criminosos tentarem assaltar uma transportadora de valores e fugirem para a zona rural do Tocantins. Eles foram surpreendidos pela fumaça e saíram sem levar nada.

 

A busca pelos assaltantes foi feita por uma força-tarefa de mais de 300 policiais de cinco estados. Os criminosos ficaram cercados e sem saída. Eles chegaram a ficar dias escondidos na copa das árvores e têm se alimentando de espigas de milho e sal de ureia, usado na alimentação de gado.

 

Policiais Militares do Tocantins recebem instruções durante a Operação Canguçu — Foto: Divulgação/PM

Policiais Militares do Tocantins recebem instruções durante a Operação Canguçu — Foto: Divulgação/PM

 

Essa é considerada pela polícia uma das maiores operações para capturar criminosos do país. As equipes que fazem parte da Operação Canguçu percorreram uma área de 4,6 mil km, em quatro cidades.

 

A tecnologia ajudou no trabalho da força-tarefa montada para perseguir o bando. Os policiais utilizaram binóculos com visão noturna e drones com câmeras termais para localizar os criminosos.

 

Os criminosos fugiram do Mato Grosso e entraram no estado usando embarcações e navegando pelos rios Araguaia e Javaés. Eles até tentaram afundar barcos para despistar as equipes policiais.

 

Mesmo durante a fuga os criminosos deixaram um rastro de terror, invadindo propriedades e fazendo pessoas reféns. Áudios divulgados nas redes sociais mostram o medo dos moradores em Marianópolis do Tocantins.

Os suspeitos tentaram usar sacos amarrados aos pés, para tentar não deixar pegadas por ponde passam. Estratégia que foi descoberta com a morte de um dos suspeitos.

 

Um verdadeiro arsenal de guerra foi apreendido durante a operação. Entre as apreensões estão armamento de grosso calibre, inclusive fuzis furtados da PM de São Paulo, milhares de munições, coletes à prova de bala e outros materiais.