470 anos de São Paulo: as transformações e os números da maior metrópole do país

470 anos de São Paulo: as transformações e os números da maior metrópole do país

 

Por Luisa Purchio

25/01/2024 09:20

 

Apelidada de “selva de pedra”, a cidade de São Paulo completa 470 anos nesta quinta-feira (25). Entre seus arranha-céus imponentes, avenidas movimentadas e vida noturna intensa, evidenciam-se números impressionantes que conferem à metrópole o maior Produto Interno Bruto (PIB) do país, posição ocupada há décadas.

 

De acordo com os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2021 a cidade teve um PIB de R$ 828,9 bilhões, quando foi responsável por 9,2% de toda a riqueza do país (a maior fatia), e 30% do estado de São Paulo.

 

Os tributos arrecadados por São Paulo no mesmo ano também foram robustos e representaram 35% dos impostos pagos em todo o estado e 13% em todo o Brasil.

 

 

Da cidade da indústria à cidade dos serviços

 

Desde o início da série histórica do IBGE, em 2002, os grandes centros urbanos brasileiros vivem uma tendência de desconcentração econômica e São Paulo faz parte desse movimento. Ao longo do período, a cidade perdeu 3,5 pontos percentuais de participação na economia nacional.

 

Esse movimento é acompanhado pela desindustrialização da cidade que vem ocorrendo com intensidade desde a década de 1970 e se reflete em todo o país. A pesquisa do IBGE mostra que enquanto em 2002 a indústria representava 17,4% do PIB de São Paulo, em 2021 ela minguou para 9,4%. No mesmo período, a representação do setor de serviços, no qual o IBGE inclui o comércio, cresceu de 75,4% para 83,1%.

 

Com população de 11,5 milhões de pessoas, é superior à de muitos países,

 

São Paulo e o boom industrial

 

Na primeira metade do século XX, a cidade de São Paulo – que já trazia como herança o forte desenvolvimento advindo do café – se transformou no maior polo industrial brasileiro, movido principalmente pelo império construído por Francisco Matarazzo. As indústrias têxteis, metalúrgicas, alimentícias e químicas iam se multiplicando no eixo industrial de São Paulo em bairros como Luz, Brás, Mooca e Ipiranga.

 

Essas fábricas foram atraindo cada vez mais imigrantes em busca de trabalho e junto com esse adensamento demográfico a cidade foi se modificando com o crescimento da especulação imobiliária e da oferta de serviços. O boom populacional, no entanto, causou um efeito colateral para a indústria.

 

“Ocorreu o fenômeno que a gente chama de deseconomia de escala, ou seja, passou a ficar muito caro produzir e escoar a mercadoria produzida em São Paulo. Muitas empresas foram para outras localidades e São Paulo passou a ter novas atividades relacionadas a serviços. Na década de 1990, por exemplo, com as inovações tecnológicas de intermediação financeira, a cidade se consolidou como um importante centro de sistema financeiro”, diz Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE.

 

Mariano lembra, ainda, de um outro fator que contribuiu para o “empurramento” das indústrias para fora da cidade: a intensificação das relações comerciais entre o Brasil e os Estados Unidos após a 2ª Guerra Mundial. “Em 1920 e 1930, São Paulo tinha uma relação muito próxima com a Europa, principalmente com a Inglaterra, mas no pós-guerra ocorreu uma aproximação com os EUA e muitas indústrias americanas começaram a se instalar no Brasil, principalmente da indústria automobilística”, diz ele.

 

Foi nesse período que cidades do ABC Paulista, como São Caetano do Sul, São Bernardo e Santo André, passaram a atrair montadoras de automóveis como a Willys Overland e a Ford. “Essa indústria passa a demandar novos fornecedores que estavam em São Paulo e gradativamente vão se deslocando para cidades vizinhas. Além disso, com a chegada da eletro e microeletrônica, as indústrias paulistanas pautadas na metalurgia e mecânica acabam ficando um pouco defasadas e vão fechando gradativamente”, diz ele.

 

 

Os grandes galpões que um dia sediaram fábricas se mantêm com estruturas preservadas e tombadas como patrimônio histórico da cidade. Assumiram outras funções e viraram ilhas em meio aos prédios que continuam pululando na cidade.

 

A Casa das Caldeiras, por exemplo, com enormes chaminés despontando no bairro da Água Branca, na zona oeste de São Paulo, virou um espaço de eventos que remonta a essa era industrial do século XX. Entre as décadas de 1920 e 1950, o local produzia energia a partir do carvão e assim alimentava o Parque Industrial IRFM (Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo), conglomerado que transformou áreas inteiras de São Paulo em bairros fabris e operários.

 

Localizada na Avenida Francisco Matarazzo, na Água Branca, a Casa das Caldeiras se tornou um espaço de eventos cujas estruturas preservadas remontam à era industrial de São Paulo. | Violeta Assumpção/Divulgação Casa das CaldeirasO edifício foi construído na década de 1920 para produzir energia para o conglomerado IRFM – Indústrias

Reunidas Francisco Matarazzo.| Divulgação/Casa das Caldeiras

 

“Nas últimas décadas, muitas indústrias que estavam localizadas na cidade de São Paulo se deslocaram para outros municípios e aqui restaram as indústrias de capital intensivo, mais específicas e pontuais. Elas são diferentes das indústrias clássicas da década de 1990, que empregavam um grande número de trabalhadores. Ainda assim, o PIB da indústria paulistana representa 12% de todo o estado, sendo o maior de SP, e 3% de todo o país”, diz Jefferson Mariano, analista socioeconômico do IBGE.

 

De acordo com os últimos dados do IBGE, em 2021 o PIB paulistano foi formado, ainda, por uma parcela de 7,33% da administração pública e por uma fatia muito pequena, próxima a 0,01%, do setor agropecuário.

 

Em seus 470 anos de história, a cidade de São Paulo testemunhou transformações notáveis, mas permanece como uma metrópole rica e dinâmica que lidera transformações em todo país.

 

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